Vende-se uma Praça. Preço: R$1 voto.
E assim caminha a humanidade. Enquanto muitos governantes estão atentos com as questões ambientais, com o desenvolvimento sustentável, com o reflorestamento, com a urbanização das cidades, na pequena cidade de Machacalis/MG, a administração pública, leia-se Prefeitura Municipal, está leiloando uma das coisas boas e tradicionais daquela pacata cidade, a Praça da Matriz. Isto é uma vergonha!
O Padroeiro da cidade, São Sebastião, deve estar revirando em seu túmulo, pois, a igreja tem como moldura a bonita praça que fica defronte à mesma, e logo verá instalado nela mais um boteco. Isto é o que podemos chamar de mentalidade tacanha, retrógrada e inconseqüente. Que se pague pelo voto, tudo aquilo que foi combinado. Mas, pelo preço deste estelionato eleitoral, não se venda uma praça que é do povo, que foi construída para o lazer do povo e que é o único cartão postal da cidade.
Onde estão os homens de bem dessa cidade?
Onde está o Ministério Público, que não investiga e apura tamanha arbitrariedade?
Cadê os órgãos e entidades de defesa do meio ambiente?
Onde está a voz libertadora da Igreja?
Onde está o povo?
Que a seiva derramada para cada árvore que foi cortada, toque pelo menos o coração das pessoas sanas. Que se arme de sementes e mudas de árvores, e faça valer a revolta verde pela tomada da praça, pelo sentimento de devolver ao povo, aquilo que é do povo.
Não deixem que as lágrimas do nosso amado Padroeiro São Sebastião, seja uma maldição que possa inundar essa cidade em 7 ou 77 anos de profundas trevas.
Vende-se a praça e com ela, vende-se a consciência do povo. Mata-se uma planta, e com ela retira-se o oxigênio tão importante para o nosso pulmão. Degola-se uma árvore, e com ela esvai a tão nobre sombra, que nos abriga do sol escaldante.
E assim assistimos, em pleno século 21, os pseudo-administradores que brincam com o sentimento das pessoas, retiram da boca das criancinhas sua sagrada merenda, constrói botecos ao invés de escolas, engordam suas contas bancárias com os recursos que deveriam ser destinado à saúde pública e desviam recursos federais com obras descabidas e inacabadas.
O povo fica na miséria e os abutres que usam a política, distribuem benesses aos seus apadrinhados, constrói seus palacetes, compram fazendas, andam de carros novos, curtem suas férias e feriados em paraísos, rasgam o dinheiro público sem a menor decência, sabedores que a impunidade nunca os atingirão.
Vende-se a praça. E venderá até a sua alma!
“Tudo isto acontecendo, e eu aqui na praça, dando milho aos pombos”.
Fernando Novais.
PS - Este texto foi escrito no ano de 2011 e o fiz para ser publicado num Jornal da Cidade de Teófilo Otoni. Como tinha certeza que poucos iriam ler, acabei deixando pra lá.
Ação popular
Ação que se destina a anular atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas. O titular da ação é o cidadão, ou seja, qualquer brasileiro dotado de direitos políticos. A ação deve ser movida contra aqueles que, em nome da entidade pública prejudicada, praticaram o ato ilícito.