terça-feira, 28 de novembro de 2017

O Laranja. Este é o fruto (podre) que a política criou...


O laranja


Por: Aurílio Nascimento em 


Nas notícias, nos debates, em sentenças judiciais, o termo “laranja” é utilizado para designar pessoa que escondem em seu nome patrimônio de outrem, normalmente políticos corruptos. "O deputado tal possuía contas secretas em nome de 'laranjas'"; "Empresa X (não me refiro a nenhuma, vamos deixar claro) emitia notas fiscais em nome de 'laranjas'”. Estas e outras notícias semelhantes são publicadas diariamente.
Vários filólogos debruçaram-se sobre a pesquisa sem chegar a um consenso. Qual a origem do termo “laranja” para designar a pessoa que oculta bens em benefício de outrem? Embora todos concordem que o termo tem origem na gíria policial, dezenas de ilações foram feitas, todas sem muita certeza. Alguém afirmou que a origem teria relação com o “agente laranja”, um desfolhante químico utilizado pelos americanos na guerra do Vietnã. Grandes dicionários explicam que “laranja” é uma pessoa ingênua, simples ou sem importância, que substituiu outra em negócios escusos. Outros afirmam que o termo tem origem em uma pirâmide financeira entre presos políticos, onde os participantes recebiam nomes de frutas. Limão e laranja.
A lista de explicações para o termo “laranja” é extensa e como dito, sem nenhum consenso.
“Laranja” é a gíria policial para um golpe. Não existe e nunca existiu “o laranja” para designar pessoas, mas sim o golpe da “laranja”, assim como tantos outros golpes, conto do paco, conto do vigário, do bilhete premiado. E como funciona o golpe da “laranja”? Estelionatários adquirem uma empresa com nome limpo, de preferência antiga, mas que se encontra paralisada. A empresa é registrada em nome de pessoas com ficha limpa, que não chamam atenção da polícia. O objetivo dos golpistas é adquirir crédito em bancos e fornecedores.
Por um período de meses, e até anos, os golpistas movimentam a empresa normalmente, comprando e vendendo produtos. Após adquirirem a confiança de bancos e fornecedores, realizam operações financeiras e compras em volume maior e somem levando tudo. Deixam para trás dívidas imensas. Vendem a preços baixos tudo o que adquiriram, pois não pagaram nada.
Por que “laranja”? Assim como se retira da fruta o seu melhor, ou seja, o suco, desprezando o bagaço, os golpistas espremeram a empresa e deixam para trás o que não serve para nada, o bagaço. A laranja serviu para batizar este tipo de golpe por ser uma fruta muito comum. A confusão surgiu quando alguns repórteres ouviam de policiais que fulano era laranjeiro, ou seja, especialista no golpe da “laranja”. Uma notícia aqui e outra ali, e o laranjeiro tornou-se “laranja”.
E a pessoa que empresta seu nome, que se coloca a frente de um negócio como se proprietário fosse ou mesmo em contas bancárias? Este é o testa de ferro. O termo testa de ferro tem origem nos soldados que se posicionavam à frente dos demais, normalmente em navios, usando capacetes de ferro. Sua missão era enfrentar os inimigos, protegendo o líder.
Como se percebe, o golpe da “laranja” necessita de um testa de ferro, aquele que aparece. Tanto é assim que, no caso de uma “laranja” ser registrada em nomes fictícios, como ocorria no passado, não se poderia dizer que “os laranjas” da empresa X não existem, são fictícios. Então, fica esclarecida a dúvida que tem tirado o sono dos pesquisadores, embora o termo esteja consolidado. “Laranja”, no jargão policial, é um golpe, e testa de ferro alguém que, por exemplo, registra um apartamento ou um sítio em seu nome, mas que pertence a um político que não tem como explicar o patrimônio.

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