Em setembro de 2009, fui a Campo Grande-MS fazer palestra sobre
marketing político no 7º Encontro da União das Câmaras de Vereadores de Mato
Grosso do Sul. Num grande auditório, havia mais de 500 assistentes. Eu sempre
digo que posso falar sobre marketing político durante vários dias sem parar,
pois acumulei 33 anos de prática em mais de 100 campanhas. Então, dou os
fundamentos que norteiam o trabalho e abro perguntas para que temas
específicos, de interesse daquela comunidade, sejam abordados.
Um dos vereadores presentes fez uma pergunta que, mesmo localizada, tem
muita abrangência e me permitiu criar uma nova definição. Ele contou que, na
sua cidade, o candidato a prefeito do partido era do tipo “sabe-tudo”. Sabia
fazer a comunicação, sabia fazer os acordos políticos, sabia o melhor lugar
para o comício, sabia escolher a música, sabia o ponto fraco do adversário,
sabia o que dizer na entrevista, sabia… E a pergunta: “Como agir com um
candidato assim?”.
Criei a definição na hora: “Esse é o ‘candidato-pato’. Age exatamente
como essa ave. Sabe andar, mas anda mal, todo desajeitado, balançando o corpo
grande. Sabe voar, mas voa mal, tem voo curto e raso, não voa alto, nem a
longas distâncias. Sabe nadar, mas nada mal, não mergulha e não é rápido. Bota
ovo, mas bota mal, pois o ovo é grande demais e muito pouco frequente. Foi uma
gargalhada geral, pois o “candidato-pato” também é muito frequente, como o
pato, que está nos quintais, mas também nos jardins e praças públicas.
Como agir com ele? Ah, eu levo na gozação e vou tocando, devagar e
sempre, assim como se toca um bando de… patos! Com a ave de verdade, pelo
menos, há possibilidade de se fazer um confit de
canard — delicioso prato francês no qual a ave é cozida em fogo brando.
Texto de Chico Santa Rita.